É um material que pode ser usado por professores que tenham alunos com idade a partir de 2 anos.
Divirta-se!
Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano ISSN 1980-0037
Rev. Bras.Cineantropom. Desempenho Hum. 2007;9(1):107-114
FICHA ANTROPOMÉTRICA NA ESCOLA:
O QUE MEDIR E PARA QUE MEDIR?
A SCHOOL ANTHROPOMETRIC RECORD CARD: WHAT SHOULD BE
MEASURED AND WHY MEASURE IT?
RESUMO
O presente estudo tem como objetivo propor um modelo de Ficha Antropométrica Escolar (FAE), fundamentado nos
critérios e protocolos utilizados pela antropometria. Este modelo buscou responder a questionamentos como: o que e para que
medir, visando contribuir para a efetivação de uma proposta coerente com as tendências atuais, que visam à educação para a
adoção de um estilo de vida saudável. Para a construção deste modelo observou-se o contexto educacional brasileiro, a fi m de
apresentar alternativas de ampliação e inserção dentro de uma perspectiva interdisciplinar. A implantação de uma sistemática de
avaliação antropométrica na escola é de fundamental importância, pois possibilita o acompanhamento do crescimento e a detecção
de fatores de risco para o desenvolvimento de doenças, que tem início em idades cada vez mais precoces. Deste modo, foram
abordados tópicos referentes a medidas antropométricas no âmbito escolar; a fundamentação e a proposição de um modelo de
FAE; os procedimentos de medidas, interpretações e recomendações. A FAE é destinada aos professores de Educação Física e
demais profi ssionais da saúde, pesquisadores e a todos os educadores interessados na promoção de um estilo de vida saudável,
com ênfase nos aspectos de crescimento e fatores de risco às doenças relacionadas, principalmente, ao excesso de peso e
transtornos alimentares. Acredita-se que o apoio pedagógico das instituições de ensino são fatores determinantes para o sucesso
na implantação da FAE, como parte integrante do projeto político pedagógico das escolas.
Palavras-chave: Antropometria; Criança; Educação; Ficha antropométrica.
ABSTRACT
The objective of this study is to propose a model for a School Anthropometric Record Card (SARD), based on the
criteria and protocols used in anthropometry. This model aims to answer questions such as: what to measure and why measure,
aiming to contribute to the implementation of a proposal that would be coherent with current tendencies, which aim at educating
students to adopt a healthy lifestyle. In order to construct this model, note was taken of the Brazilian educational context, in order
to offer alternatives for expansion and inclusion within a multidisciplinary perspective. The implementation in schools of a system
for anthropometric assessment is of fundamental importance since it would allow for growth to be monitored and risk factors for
the detection of the development of diseases, which have onset at ever younger ages. Therefore, topics were discussed relating
to anthropometric measurements in a school environment and the proposal of a SARD model, in addition to the procedures for
measurement, interpretation and recommendation. The SARD is aimed at Physical Education teachers and other health professionals,
researchers and all educators with an interest in promoting a healthy lifestyle, with emphasis on features of growth and on risk factors
for diseases, particularly those related to overweight and eating disorders. It is believed that the support of educational institutions
is a determinant factor for the success of implementing a SARD as an integral part of schools’ educational policy projects.
Key words: Anthropometry; Child; Education; Anthropometric record card.
1 NUPAF – Núcleo de Pesquisa em Atividade Física e Saúde – UFSC
2 Professor Auxiliar da Universidade do Estado da Bahia – Campus XII
3 Núcleo de Pesquisa em Cineantropometria e Desempenho Humano – NuCIDH/UFSC
Carmem Cristina Beck1
Ilca Maria Saldanha Diniz1
Marcius de Almeida Gomes2
Édio Luiz Petroski3
Ponto de vista
108 Beck et al.
Rev. Bras.Cineantropom. Desempenho Hum. 2007;9(1):107-114
INTRODUÇÃO
Definida como a técnica para expressar
quantitativamente a forma do corpo, a antropometria
é a atividade ou prática científica relativa à observação,
quantificação e análise do crescimento somático
humano, sendo um dos fundamentos para construção
de uma normatividade das práticas de saúde, seja
clínica ou epidemiológica, individual ou coletiva1.
Diversas pesquisas2-6 têm relatado as contribuições
da antropometria para o crescimento e desenvolvimento
humano, seja na identificação dos fatores de
risco relacionados às doenças, como na avaliação dos
aspectos maturacionais e nutricionais.
Sugerir um modelo de ficha antropométrica para
a escola que responda a questionamentos como: o que
medir e para que medir é de fundamental importância na
construção de metodologias adequadas a este contexto,
contribuindo para a efetivação de uma proposta educativa
institucional coerente com as tendências atuais.
No entanto, existem limitações na utilização da
antropometria no âmbito escolar, devido principalmente
à falta de uma proposta que consiga assegurar e
ampliar o papel da mesma para a Educação Física e
seus conteúdos.
Deste modo, abordaram-se aspectos práticos,
fundamentados nos critérios e protocolos da
antropometria, que buscam indicar caminhos para
superação destas limitações de forma simples e
concisa.
MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS NO ÂMBITO
ESCOLAR
A realização de medidas antropométricas no
âmbito escolar tem se tornado uma prática constante
de estudiosos em todo Brasil. E, apesar da escola
apresentar características apropriadas para realização
de pesquisas com crianças e adolescentes esta prática
acontece de forma dissociada à realidade da educação
física escolar, dificultando uma utilização que dê
sentido a mensuração.
A escola, como campo de pesquisa, tem
possibilitado ampliar as descobertas sobre as
conseqüências provocadas pela mudança do estilo de
vida nas gerações a cada década. Observa-se também,
que a utilização da antropometria na escola, colabora
para a compreensão das mudanças ocorridas no
crescimento e no desenvolvimento humano, bem como
possibilita a detecção de possíveis anormalidades e/ou
enfermidades7.
Segundo a OMS8 os níveis de crescimento físico
entre crianças e adolescentes podem ser considerados
internacionalmente como um dos mais importantes
indicadores, tanto da qualidade de vida de um país,
quanto da extensão de distorções existentes em uma
mesma população, em seus diferentes subgrupos.
Waltrick9 reforça que atualmente não se admite
uma boa assistência à criança sem o controle do seu
crescimento. Enquanto, Bray & Bouchard10 destacam
que a principal motivação para o estudo da composição
corporal em crianças e adolescentes reside no
especial interesse em se obter informações quanto
ao fracionamento do peso corporal em seus diversos
componentes, tendo em vista a estreita relação
existente entre a quantidade e a distribuição da gordura
e alguns indicadores de saúde.
Nota-se então, que o uso da antropometria na
escola está aliado à teoria da atividade física relacionada
à saúde, que apresenta algumas divergências no
campo profissional, por entender que esta concepção
delimita a exploração de outras abordagens, como as
questões sociais e culturais.
No entanto, a utilização da FAE como instrumento
pedagógico na educação física escolar amplia a
possibilidade de discussão dos diversos contextos
(sociais, culturais e biológicos), contribuindo para
uma efetiva intervenção. Pois, somente mensurando e
registrando que se é capaz de detectar em que direção
à saúde dos escolares está caminhando.
PROPOSIÇÃO DE UM MODELO DE FAE
A própria Organização Mundial da Saúde
(OMS)11 preconiza que estudos envolvendo crianças e
adolescentes utilizem avaliações antropométricas para
verificar o estado nutricional, bem como para realizar
o controle e monitoramento do seu crescimento,
possibilitando assim, a detecção precoce de disfunções
orgânicas, fatores de risco para doenças crônicas,
estados de subnutrição ou de obesidade.
A Educação Física tem passado por muitas
transformações nos últimos anos, deixando de enfatizar
apenas o desenvolvimento da aptidão física relacionada
ao desempenho para incluir a aptidão física relacionada
à saúde. Observa-se que a Educação Física escolar,
embasada nesta necessidade emergente, está inserindo
gradativamente, conteúdos pedagógicos relacionados à
atividade física para a promoção da saúde.
Ao se implementar uma proposta de educação
física escolar que possibilite o desenvolvimento de um
estilo de vida saudável, faz-se necessário identificar os
comportamentos de risco e assim, estimular e conduzir
a alteração de hábitos negativos durante a infância e
a adolescência. Neste contexto, a antropometria pode
servir como uma valiosa ferramenta na prática do
professor de educação física, provocando mudanças
de comportamento e proporcionando a aquisição de
hábitos positivos à saúde de seus alunos.
Deste modo, para elaboração e recomendação da
FAE realizou-se uma análise exploratória, no Colégio de
Aplicação da Universidade Federal de Santa Catarina,
onde se observou uma evolução histórica da avaliação
antropométrica de 1971 a 2005. No período de 1971 a
1978 as medidas coletadas na ficha antropométrica eram
sugeridas e acompanhadas pelo Ministério da Educação
e Cultura do Brasil e a partir da década de 90 ocorreu a
informatização da ficha antropométrica na escola.
Observam-se, aqui no Brasil, algumas limitações
na interpretação de dados antropométricos em escolares
brasileiros, diante da ausência de referências nacionais
Ficha antropométrica na escola: o que medir e para que medir? 109
para classificação. No entanto, a ausência de tabelas
interpretativas nacionais não deve se transformar
em barreiras que impossibilitem a viabilização desta
proposta. Detectar os possíveis problemas de saúde
o mais precocemente possível e sugerir ações que
possam auxiliar na promoção do bem-estar da criança,
do adolescente e do jovem justificam a inclusão de
avaliações antropométricas desde cedo nas escolas,
academias, clubes, clínicas e hospitais12.
Existem algumas dificuldades em sistematizar
um modelo de ficha antropométrica que contemple
as diversidades regionais, econômicas, culturais e
sociais em um país com dimensões continentais.
No entanto, observando as propostas existentes e
prevendo uma flexibilização, quando necessário, é
possível elaborar um modelo plausível, válido, de baixo
custo e de fácil utilização, que permita aos professores
da Educação Física escolar acompanhar aspectos
de crescimento, desenvolvimento e implantação de
hábitos saudáveis.
A utilização da antropometria na escola é
justificada pelos seguintes aspectos:
1. Permite identificar riscos à saúde associados
à índices excessivamente altos ou baixos de gordura
corporal;
2. Proporciona o monitoramento de mudanças na
composição corporal, associadas aos processos de
crescimento, desenvolvimento, maturação e idade;
3. Propicia o acompanhamento das variáveis
relacionadas ao crescimento e desenvolvimento físico
em relação à idade cronológica e maturacional;
4. Possibilita a identificação de disfunções no
crescimento ou de perfil morfológico de risco13.
Apesar das justificativas serem fundamentadas
nas ciências da saúde não se deve pensar no emprego
da FAE apenas sob o aspecto biológico, pois a
utilização da antropometria na escola apresenta a
possibilidade de discussão do cotidiano, abordando
temáticas atuais dos problemas de saúde (desnutrição,
obesidade, crescimento, estilo de vida, dentre outros),
relacionados às diferenças sócio-culturais e ampliando o
conhecimento dentro de uma proposta interdisciplinar.
Referindo-se ao excesso de peso, estudos
epidemiológicos14,15 mostram que a obesidade, na
infância e na adolescência, pode ser considerada
uma doença grave que não apenas predispõe a
obesidade do adulto, como também traz consigo suas
conseqüências.
Os riscos relacionados à obesidade dependem
não somente da presença de tecido adiposo, mais
também de sua distribuição, em particular a abdominal14.
Assim, circunferência abdominal aumentada também
traz complicações freqüentes em pessoas obesas. A
adiposidade abdominal está associada ao aumento
de doenças metabólicas, de hipertensão arterial e de
risco cardiovascular.
No entanto, para a utilização da antropometria
em ambientes escolares, os profissionais de educação
física devem assegurar confidencialidade, discutindo
os resultados individuais apenas com a criança e/ou
adolescente e seus pais. Os resultados e interpretações
do grupo poderão ser abordados durante as aulas
de forma generalizada, proporcionando reflexões e
direcionando a prática docente.
O modelo apresentado neste trabalho (Quadro 1)
sugere os seguintes componentes:
• Identificação: com dados pessoais do aluno
(nome, sexo, idade, data nascimento e filiação) e
referências da escola (instituição de ensino);
• Dados antropométricas: com medidas de massa
corporal (peso), estatura (altura), circunferência de cintura
(CC), dobras cutâneas (tríceps e subescapular);
• Resultados: com o cálculo do Índice de Massa
Corporal (IMC= Peso (kg) /Altura em metros ao
quadrado), percentual de gordura (somatório das
dobras cutâneas tríceps e subescapular), percentual de
massa magra e massa magra em quilogramas; e
• Observações e Recomendações.
PROCEDIMENTOS DE MEDIDAS
A seguir serão apresentados os procedimentos,
protocolos e recomendações, para o preenchimento
das medidas antropométricos da FAE como forma de
uniformizar as coletas dos dados.
Massa Corporal
Também conhecida como peso corporal, é uma
medida antropométrica que expressa a dimensão da
massa ou volume corporal.
Procedimento: o avaliador posiciona-se em
pé de frente para escala de medida; o avaliado em
pé (posição ortostática), deve subir na plataforma,
cuidadosamente, colocando um pé de cada vez
e posicionando-se no centro da mesma, ombros
descontraídos e braços soltos lateralmente16.
Material utilizado: balança com precisão de 100
gramas ou menor.
Propósito: a medida de peso pode ser utilizada
para acompanhar o processo de crescimento do
aluno, servindo como um bom indicador nutricional,
relacionando com a idade, sexo e estatura.
Estatura
Também conhecida como altura, é um indicador
do desenvolvimento corporal e comprimento ósseo.
Procedimento: O avaliador posiciona-se em pé
ao lado direito do avaliado, se necessário subir num
banco para realizar a medida; o avaliado em posição
ortotástica, pés descalços e unidos, procurando por
em contato com instrumento de medida as superfícies
posteriores do calcanhar, cintura pélvica, cintura
escapular e região occipital, com a cabeça orientada no
plano de Frankfurt. O cursor ou esquadro, num ângulo
de 90º em relação à escala, toca o ponto mais alto da
cabeça no final de uma inspiração, onde se realiza a
leitura em metros16.
Material utilizado: estadiômetro ou fita métrica
afixada a uma parede plana sem rodapé e esquadro.
Propósito: considerado como o maior indicador
110 Beck et al.
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do desenvolvimento corporal e comprimento ósseo.
Importante na verificação de doenças, estado
nutricional e na seleção de atletas.
Circunferência de Cintura (CC)
Representa uma medida da distribuição de
gordura na região central do corpo.
Procedimento: O avaliador posiciona-se de frente
para o avaliado (posição ortostática), passa-se a fita
métrica em torno do avaliado, tendo-se o cuidado de
manter a mesma no plano horizontal. A medida é na
parte mais estreita do tronco, no nível da cintura “natural”.
A leitura é realizada após uma expiração normal17.
Material utilizado: fita métrica flexível ou trena.
Propósito: valores elevados desta variável estão
fortemente associados a inúmeras doenças (diabetes,
doenças cardiovasculares, etc.), e ao aumento da
morbidade e mortalidade da população.
Dobras Cutâneas (DC)
As dobras cutâneas ou pregas cutâneas, como
também são conhecidas, medem indiretamente a
espessura do tecido adiposo subcutâneo.
Procedimento:
1- DC Tríceps: a partir da referência anatômica
traça-se uma linha horizontal e imaginária até a
face posterior do braço (tríceps), onde marca-se o
ponto. Deve-se pinçar a dobra verticalmente ao eixo
longitudinal. Esta dobra deve ser destaca com o polegar
esquerdo e com o dedo indicador na linha marcada. O
avaliador se posiciona atrás do avaliado, enquanto o
avaliado encontra-se na posição ortostática17.
2- DC Subescapular : dobra é pinçada
obliquamente ou diagonalmente a partir da referência
anatômica (dois centímetros abaixo do ângulo inferior
da escápula), seguindo a orientação dos arcos
costais. A posição do avaliador e do avaliado idem ao
procedimento anterior17.
INTERPRETAÇÃO E RECOMENDAÇÃO DA FAE
Depois de realizadas as medidas sugeridas pela
Ficha Antropométrica Escolar (FAE) (quadro 1), devese
identificar as variáveis da composição corporal para
interpretação dos resultados e recomendações.
O crescimento físico (peso e altura), o índice de
massa corporal, o percentual de gordura e de massa
magra e a circunferência de cintura são as variáveis
descritas neste protocolo. Depois de realizadas as
medidas e os cálculos sugere-se que sejam analisadas
conforme critérios de classificação utilizados para
crianças e adolescentes.
Dentre as várias propostas de interpretação dos
resultados antropométricos para escolares, sugere-
Quadro 1: Ficha Antropométrica Escolar (FAE)
Quadro 1. Ficha Antropométrica Escolar (FAE)
FICHA ANTROPOMÉTRICA
ESCOLA:
NOME: DATA DE NASCIMENTO [ ] SEXO [M] [F]
dia/mês/ano
FILIAÇÃO:
I II III IV V VI VII
SERIE
5ª
Medida - dia/mês/ano
12/12/2005
Massa corporal (Kg)
50
Estatura (cm)
148
Perímetro cintura (cm)
50
DC TR (mm)
15
DC SE (mm)
26
DC PM (mm)
20
IMC
22,83
DC TR +SE
41
% DE GORDURA
33%
% MCM
67%
AVALIADOR
Prof. Ana
OBSERVAÇÕES:
RECOMENDAÇÕES:
ANTROPOMETRIA
AVALIAÇÕES
RESULTADOS
Ficha antropométrica na escola: o que medir e para que medir? 111
se para este modelo de FAE os seguintes critérios de
análise:
• Acompanhar o crescimento físico por meio das
curvas percentílicas19 igualmente recomendadas pelo
Ministério da Saúde do Brasil20;
• Para o IMC, os pontos de corte sugeridos por Cole et
al.21 (Quadro 2) ou Conde e Monteiro22 (Quadro 3);
• Para o percentual de gordura referências de Lohman23,24
(Figura 1);
• Para a circunferência de cintura os pontos de corte em
percentis segundo Fernandéz et al.25 (Quadro 4 e 5)
A seguir será apresentado um passo a passo para
interpretação do procedimento após a mensuração dos
dados propostos pela FAE, para tanto, será utilizado
um exemplo demonstrativo:
Exemplo: Escolar (adolescente), 11 anos, sexo
feminino.
Passo 1 - Após a verificação das medidas de
massa corporal e estatura, comparam-se com as
curvas de crescimento propostas pelo CDC/NCHS
considerando-se o sexo. Os gráficos de massa corporal
e estatura encontram-se disponíveis no “site” abaixo:
http://www.cdc.gov/nchs/data/series/sr_11/sr11_246.pdf
• Meninos 2 a 20 anos: massa corporal (p. 27), estatura
(p. 29);
• Meninas 2 a 20 anos: massa corporal (p. 28), estatura
(p. 30).
Traça-se uma linha horizontal identificando a
massa corporal e uma linha vertical a idade. Para a
estatura, traça-se, igualmente, uma linha horizontal
(estatura) e uma vertical (idade), onde as interseções das
linhas corresponderão ao valor do percentil da massa
corporal e da estatura do escolar, respectivamente.
Quadro 2. Pontos de Corte de IMC sugeridos para
sobrepeso e obesidade. Cole et al. (2000)
Idade
(anos)
SOBREPESO OBESIDADE
Masculino Feminino Masculino Feminino
2 18,41 18,02 20,09 19,81
2,5 18,13 17,76 19,80 19,55
3 17,89 17,56 19,57 19,36
3,5 17,69 17,40 19,39 19,23
4 17,55 17,28 19,29 19,15
4,5 17,47 17,19 19,26 19,12
5 17,42 17,15 19,30 19,17
5,5 17,45 17,20 19,47 19,34
6 17,55 17,34 19,78 19,65
6,5 17,71 17,53 20,23 20,08
7 17,92 17,75 20,63 20,51
7,5 18,16 18,03 21,09 21,01
8 18,44 18,35 21,60 21,57
8,5 18,76 18,69 22,17 22,18
9 19,10 19,07 22,77 22,81
9,5 19,46 19,45 23,39 23,46
10 19,84 19,86 24,00 24,11
10,5 20,20 20,29 24,57 24,77
11 20,55 20,74 25,10 25,42
11,5 20,89 21,20 25,58 26,05
12 21,22 21,68 26,02 26,67
12,5 21,56 22,14 26,43 27,24
13 21,91 22,58 26,84 27,76
13,5 22,27 22,98 27,25 28,20
14 22,62 23,34 27,63 28,57
14,5 22,96 23,66 27,96 28,87
15 23,29 23,94 28,30 29,11
15,5 23,60 24,17 28,60 29,29
16 23,90 24,37 28,88 29,43
16,5 24,19 24,54 29,14 29,56
17 24,46 24,70 29,41 29,69
17,5 24,73 24,85 29,70 29,84
18 25 25 30 30
Quadro 3. Pontos de corte para IMC para baixo peso,
excesso de peso e obesidade. Conde e Monteiro (2006)
Idade
meses
Masculino Feminino
BP EP OB BP EP OB
24,0 13,77 19,17 21,98 13,95 18,47 20,51
24,5 13,77 19,13 21,94 13,94 18,43 20,47
30,5 13,76 18,76 21,53 13,87 18,03 20,00
36,5 13,70 18,45 21,21 13,76 17,70 19,64
42,5 13,61 18,20 20,98 13,66 17,44 19,38
48,5 13,50 18,00 20,85 13,55 17,26 19,22
54,5 13,39 17,86 20,81 13,46 17,14 19,15
60,5 13,28 17,77 20,85 13,37 17,07 19,16
66,5 13,18 17,73 20,98 13,28 17,05 19,23
72,5 13,09 17,73 21,19 13,21 17,07 19,37
78,5 13,02 17,78 21,48 13,15 17,12 19,56
84,5 12,96 17,87 21,83 13,10 17,20 19,81
90,5 12,93 17,99 22,23 13,07 17,33 20,10
96,5 12,91 18,16 22,69 13,07 17,49 20,44
102,5 12,92 18,35 23,17 13,09 17,70 20,84
108,5 12,95 18,57 23,67 13,16 17,96 21,28
114,5 13,01 18,82 24,17 13,26 18,27 21,78
120,5 13,09 19,09 24,67 13,40 18,63 22,32
126,5 13,19 19,38 25,14 13,58 19,04 22,91
132,5 13,32 19,68 25,58 13,81 19,51 23,54
138,5 13,46 20,00 25,99 14,07 20,01 24,21
144,5 13,63 20,32 26,36 14,37 20,55 24,89
150,5 13,82 20,65 26,69 14,69 21,12 25,57
156,5 14,02 20,99 26,99 15,03 21,69 26,25
162,5 14,25 21,33 27,26 15,37 22,25 26,89
168,5 14,49 21,66 27,51 15,72 22,79 27,50
174,5 14,72 22,00 27,74 16,05 23,28 28,04
180,5 15,01 22,33 27,95 16,35 23,73 28,51
186,5 15,29 22,65 28,15 16,63 24,11 28,90
192,5 15,58 22,96 28,34 16,87 24,41 29,20
198,5 15,86 23,27 28,52 17,06 24,65 29,42
204,5 16,15 23,56 28,71 17,22 24,81 29,56
210,5 16,43 23,84 28,89 17,33 24,90 29,63
216,5 16,70 24,11 29,08 17,40 24,95 29,67
222,5 16,95 24,36 29,28 17,45 24,96 29,70
228,5 17,18 24,59 29,50 17,47 24,96 29,74
234,5 17,37 24,81 29,75 17,49 24,97 29,83
240,0 17,50 25,00 30,00 17,50 25,00 30,00
* BP- Baixo peso, EP- Excesso de peso, OB- Obesidade.
112 Beck et al.
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Passo 2 - Cálculo do IMC.
IMC (kg/m2) = Massa corporal
Estatura2
IMC (kg/m2) = 50 = 50 = 22,83 kg/m2
(1,48)2 2,19
Passo 3 – Após o cálculo do IMC (passo 2)
interpretar o valor no quadro 2 ou quadro 3. O quadro
2 sugere a classificação do IMC para sobrepeso e
obesidade, segundo idade e sexo, conforme Cole et
al.21 e, o quadro 3 apresenta uma referência brasileira
de IMC segundo Conde e Monteiro22.
Sugere-se a opção por um dos quadros abaixo,
tanto para interpretação quanto para o acompanhamento
das crianças e adolescentes.
IMC= 22,83 kg/m² Sobrepeso (classificação
conforme Cole et al.21)
IMC= 22,83 kg/m² Excesso de peso
(classificação conforme Conde e Monteiro22).
Passo 4 – Soma das dobras cutâneas tricipital
e subescapular
Σ2DC= DCTR + DCSE Σ2DC= 15 + 26 = 41
Por meio do somatório de DC, na figura 2, podese
constatar que esta adolescente encontra-se na faixa
considerada alta.
Passo 5 - Identificação do percentual de gordura.
Observando-se na figura 2, o %G aproximado desta
estudante é de 33,5%, considerado igualmente alto.
Peso de gordura = peso total x % de gordura
50 x 33,5% = 16,75kg
Passo 6 – Representação da Massa Corporal
Magra em percentual (%MCM) e quilogramas (kg).
%MCM= 100% - %G
%MCM= 100% - 33,5% % MCM= 67%
Peso de MCM= peso total - % gordura em kg
50 -16,75= 33,75kg
Passo 7 – Após a realização da medida da
circunferência de cintura (CC), interpreta-se o
resultado observando-se a idade e sexo do escolar,
considerando-se como risco elevado o valor da CC no
percentil maior ou igual a P9025.
Passo 8 - Encaminhamento da FAE: sugere-se que
a FAE fique arquivada em local apropriado e disponível
aos professores de outras disciplinas, permitindo o
desenvolvimento de abordagens interdisciplinares.
Figura 01: Percentual de gordura para meninos e
meninas segundo Lohman 23,24.
Quadro 4. Valores normativos para circunferência de
cintura (meninos).
Idade
(anos) P10 P25 P50 P75 P90
2 43,2 45,0 47,1 48,8 50,8
3 44,9 46,9 49,1 51,3 54,2
4 46,6 48,7 51,1 53,9 57,6
5 48,4 50,6 53,2 56,4 61,0
6 50,1 52,4 55,2 59,0 64,4
7 51,8 54,3 57,2 61,5 67,8
8 53,5 56,1 59,3 64,1 71,2
9 55,3 58,0 61,3 66,6 74,6
10 57,0 59,8 63,3 69,2 78,0
11 58,7 61,7 65,4 71,7 81,4
12 60,5 63,5 67,4 74,3 84,8
13 62,2 65,4 69,5 76,8 88,2
14 63,9 67,2 71,5 79,4 91,6
15 65,6 69,1 73,5 81,9 95,0
16 67,4 70,9 75,6 84,5 98,4
17 69,1 72,8 77,6 87,0 101,8
18 70,8 74,6 79,6 89,6 105,2
Fernandéz (2004)
Quadro 5. Valores normativos para circunferência de
cintura (meninas).
Idade
(anos) P10 P25 P50 P75 P90
2 43,8 45,0 47,1 49,5 52,2
3 45,4 46,7 49,1 51,9 55,3
4 46,9 48,4 51,1 54,3 58,3
5 48,5 50,1 53,0 56,7 61,4
6 50,1 51,8 55,0 59,1 64,4
7 51,6 53,5 56,9 61,5 67,5
8 53,2 55,2 58,9 63,9 70,5
9 54,8 56,9 60,8 66,3 73,6
10 56,3 58,6 62,8 68,7 76,6
11 57,9 60,3 64,8 71,1 79,7
12 59,5 62,0 66,7 73,5 82,7
13 61,0 63,7 68,7 75,9 85,8
14 62,6 65,4 70,6 78,3 88,8
15 64,2 67,1 72,6 80,7 91,9
16 65,7 68,8 74,6 83,1 94,9
17 67,3 70,5 76,5 85,5 98,0
18 68,9 72,2 78,5 87,9 101,0
Ficha antropométrica na escola: o que medir e para que medir? 113
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A implantação de uma sistemática avaliação
antropométrica na escola é de fundamental
importância, pois possibilita o acompanhamento
do crescimento e a detecção precoce de possíveis
fatores de risco para o desenvolvimento de doenças,
que atualmente tem início em idades cada vez mais
precoces.
Apesar dos contrastes regionais observados
no Brasil, acredita-se que o comprometimento dos
profissionais de educação física e o apoio pedagógico
da escola serão fatores determinantes para o sucesso
da implantação FAE.
A utilização da FAE torna-se efetiva no momento
em que além de oportunizar um acompanhamento
da evolução do crescimento e monitoramento da
desnutrição e/ou da obesidade dos alunos, possibilita
a realização de um trabalho interdisciplinar na escola,
enfatizando a importância de um estilo de vida ativo
para a melhoria da qualidade de vida.
Recomenda-se a realização das medidas
antropométricas ao início e ao final do ano letivo, para
que se possa traçar a evolução anual dos alunos, mas
jamais utilizar os dados para atribuição de notas ou
conceitos.
O relatório dos resultados para a família do
escolar, também se constitui de um passo importante.
O mesmo poderá ser por escrito e entregue ao próprio
aluno, ou conforme a necessidade, também em
conversa com os pais. Caso a escola possua uma
página na internet cada aluno poderá receber uma
senha e ter acesso aos seus resultados.
Cabe salientar, que as informações coletadas
pelos profissionais de educação física não tem
como objetivo apenas diagnosticar distúrbios de
crescimento. Estas servem também como um
indicador para identificação de fatores ambientais, que
possivelmente, possam induzir ou estar induzindo a
alguma disfunção relativa à saúde26.
Por fim, acredita-se que a garantia do êxito desta
proposta depende da sua inclusão como conteúdo
da educação física escolar, contemplada no Projeto
Político Pedagógico (PPP) da escola.
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Endereço para correspondência
Carmem Cristina Beck Recebido em 29/09/06
Rua Jair Silva, 50. Apto 404, Centro Revisado em 11/11/06
CEP 88020-715 Florianópolis, SC - Brasil Aprovado em 15/12/06
E-mail: carmembeck@hotmail.com
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Abraços,
Profº Mauro Mota
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