domingo, 12 de setembro de 2010

Esporte e a Educação

       O ser humano é a criatura mais frágil ao nascer. Depende dos mais velhos para se alimentar, aprender a andar, a pensar e a se comunicar. Ele nasce com um potencial inesgotável, contudo, sem adequado auxílio, não realiza-o. Educação é exatamente o processo de transformação destes potenciais das crianças e dos jovens em valores assumidos e praticados por eles. A educação é um processo que deve ocorrer na direção do interior para o exterior, sem imposição, respeitando-se e objetivando-se a liberdade da mente do ser humano. O ser humano educado deve ser capaz de discernir, criar, compreender a si mesmo e aos outros, viver e conviver harmoniosamente.


     O compromisso e o tempo de dedicação aos filhos é cada vez mais limitado. A tarefa de educar vem sendo delegada, de forma extrema, às escolas, pelos responsáveis. A professora recebe uma tarefa crescentemente mais complexa, ao passo que seu trabalho vem sendo depreciado pela própria sociedade que lhe outorga este crucial desafio. Muitos métodos de ensino ditos modernos pretendem substituir a figura do mestre. Ao contrário, sua importância só tem aumentado. A invenção da imprensa por Gutenberg em 1450 gerou na época a idéia de que a educação sobreviveria sem o mestre, o que demonstrou ser exatamente o inverso. A atual revolução da internet parece para muitos desavisados ser a solução para a educação. O mestre será sempre a peça chave e imprescindível para o garimpo das riquezas existentes no interior de cada aluno. É neste pilar que devemos nos apoiar para desenvolvermos uma sociedade sadia.

     A educação ineficaz torna a mente humana vulnerável, incapaz de decidir e agir de maneira positiva perante si mesma e ao seu meio. Suas potencialidades ao nascer não são adequadamente estimuladas. Cresce fisicamente, porém, mantém seu estado débil, tornando-se fonte de confusões internas e sociais. Nenhum animal, inclusive o homem, é violento, salvo se, profundamente, frustrado em seus objetivos.

     Conscientes deste vácuo na obrigação e respeito às crianças e jovens para que tenham sucesso como seres humanos plenos, alguns mestres têm dedicado suas vidas à tarefa de educar em condições de risco e de pobreza. Não é sem razão que podemos afirmar que "Educação é Amor". Os mais velhos devem respeito aos mais moços, principalmente no que diz respeito ao direito destes de tornarem-se realmente gente. Eis a tarefa mais árdua e urgente de nossos tempos.

     O ser humano foi feito para correr, saltar e arremessar. Não há limites ao desenvolvimento do corpo e da mente neste esporte.

     A quadra esportiva é o "mundo" em que vivemos, nos expressamos, nos relacionamos, decidimos e lutamos. Nossas tristezas e alegrias, forças e fraquezas são ali experimentadas, fazendo do dia a dia, nos treinos e nos jogos, momentos inesquecíveis. Este espaço deve ser tratado com muito zelo, pois é a oficina na qual construímos boa parte de nossa personalidade e inteligência.

     A bola assemelha-se ao amor. A capacidade de jogar sem a bola deve ser encarada como altruísmo, aquele desprendimento sadio em respeito aos outros e ao grupo. Em contrapartida, o excesso da necessidade da posse de bola pode caracterizar o egoísmo, o qual torna o mundo tão pequeno, centrado em nós mesmos.

     O principal adversário num jogo, assim como em nossas vidas, somos nós mesmos. As vitórias são construídas a cada ponto. Independente dos resultados das partidas ou campeonatos, somos sempre vencedores quando lutamos. A prática esportiva tem o poder de transformar os atletas mais dedicados em grandes pessoas. Estes são os que descobriram e lutaram sempre contra o real adversário que estava dentro deles mesmos. A dedicação contínua, estafante e muitas vezes solitária, produz os valores que norteiam nossas vidas.

     Nos diversos tipos e ritmos de dribles somos capazes de aperfeiçoar o auto-conhecimento e a auto-estima. A rapidez e a agilidade destes movimentos dependem da capacidade de anteciparmos os obstáculos à frente, além da clara determinação de onde queremos chegar. Esta capacidade só é possível através de uma leitura sóbria e clara do passado e da sua retenção na memória. O drible sem um objetivo pré-definido é uma vaidade. A busca da perfeição consiste em saber compartilhar ou assumir a responsabilidade isolada, quando necessário, no momento correto.

     Os passes existem naturalmente pela necessidade humana de ser social. A troca deve ser equilibrada, fazendo de todos participantes ativos da equipe. Os diversos tipos de passes, assim como a qualidade e a quantidade em que são efetuados, refletem a capacidade de doação de cada um. Já a recepção do passe deve ser suave e firme, com o propósito de acolher a iniciativa do outro, dando continuidade ao espetáculo. A assistência é o ponto culminante do passe, onde o prazer de ser útil atinge a sua máxima intensidade no sucesso do outro.

     As finalizações simbolizam o final de uma etapa. Podem ser considerados como a última decisão individual de um conjunto de decisões coletivas já tomadas. Não devemos temer o erro, já que este é inerente ao ser humano. Permanecer na dúvida e não agir é a pior das decisões. O sucesso nas finalizações depende da postura, do equilíbrio e da concentração. Muitas barreiras foram superadas até ali. A qualidade das decisões deve ser crescente frente às dificuldades subseqüentes. As finalizações efetuadas no momento certo são uma contribuição ativa do indivíduo ao grupo. Mesmo que este erre, haverá uma reação de apoio conjunta dos demais na briga pelo rebote de ataque, assim como na transição para a defesa. O perdão corresponde ao mais alto nível de desenvolvimento mental, por corresponder à compreensão absoluta do "erro" do outro.

     Os rebotes de defesa e de ataque são a prova de que para cada erro há uma oportunidade de crescimento e vitória. Para o domínio da bola no rebote, é preciso posicionamento adequado. Entretanto, para estarmos aptos às melhores oportunidades, precisamos acreditar sempre no rebote. Estas oportunidades ocorrem de maneira aleatória, quando devemos nos movimentar com agilidade para dominá-las com suavidade e força. Assim, fazemos de cada erro nosso ou de outros um reinício de caminhada mais madura e consciente.

     A capacidade de enganar os outros, por meio de fintas, torna-se uma arma poderosa dos craques. Para sermos bem sucedidos, será necessária a "leitura" do adversário de forma rápida e profunda. Contudo, na ânsia de enganar os outros, não podemos perder nossa própria identidade. Os movimentos rápidos, com e sem a bola, são nossas armas contra situações adversas em quadra. Devemos agir primeiro e não apenas reagir, para superar nossos adversários. Estando na defesa ou no ataque, cuide do seu destino, antes que alguém o faça.

     O conjunto destes diversos fatores não poderia deixar de resultar no enriquecimento pessoal. A equipe é uma escola que nos faz compreender melhor o mistério da vida, a viver e a conviver. Quem experimenta a verdadeira liberdade não aceita mais ser escravo de vícios. O esporte, através das virtudes treinadas e colocadas à prova, é um rico caminho de evolução e reabilitação para muitos. Educação e Esporte, duas palavras que interagem e convergem, criando um horizonte para aqueles que as experimentam na prática diária.

     O ser humano é a criatura mais frágil ao nascer. Depende dos mais velhos para se alimentar, aprender a andar, a pensar e a se comunicar. Ele nasce com um potencial inesgotável, contudo, sem adequado auxílio, não realiza-o. Educação é exatamente o processo de transformação destes potenciais das crianças e dos jovens em valores assumidos e praticados por eles. A educação é um processo que deve ocorrer na direção do interior para o exterior, sem imposição, respeitando-se e objetivando-se a liberdade da mente do ser humano. O ser humano educado deve ser capaz de discernir, criar, compreender a si mesmo e aos outros, viver e conviver harmoniosamente.


     O compromisso e o tempo de dedicação aos filhos é cada vez mais limitado. A tarefa de educar vem sendo delegada, de forma extrema, às escolas, pelos responsáveis. A professora recebe uma tarefa crescentemente mais complexa, ao passo que seu trabalho vem sendo depreciado pela própria sociedade que lhe outorga este crucial desafio. Muitos métodos de ensino ditos modernos pretendem substituir a figura do mestre. Ao contrário, sua importância só tem aumentado. A invenção da imprensa por Gutenberg em 1450 gerou na época a idéia de que a educação sobreviveria sem o mestre, o que demonstrou ser exatamente o inverso. A atual revolução da internet parece para muitos desavisados ser a solução para a educação. O mestre será sempre a peça chave e imprescindível para o garimpo das riquezas existentes no interior de cada aluno. É neste pilar que devemos nos apoiar para desenvolvermos uma sociedade sadia.

     A educação ineficaz torna a mente humana vulnerável, incapaz de decidir e agir de maneira positiva perante si mesma e ao seu meio. Suas potencialidades ao nascer não são adequadamente estimuladas. Cresce fisicamente, porém, mantém seu estado débil, tornando-se fonte de confusões internas e sociais. Nenhum animal, inclusive o homem, é violento, salvo se, profundamente, frustrado em seus objetivos.

     Conscientes deste vácuo na obrigação e respeito às crianças e jovens para que tenham sucesso como seres humanos plenos, alguns mestres têm dedicado suas vidas à tarefa de educar em condições de risco e de pobreza. Não é sem razão que podemos afirmar que "Educação é Amor". Os mais velhos devem respeito aos mais moços, principalmente no que diz respeito ao direito destes de tornarem-se realmente gente. Eis a tarefa mais árdua e urgente de nossos tempos.

     O ser humano foi feito para correr, saltar e arremessar. Não há limites ao desenvolvimento do corpo e da mente neste esporte.

     A quadra esportiva é o "mundo" em que vivemos, nos expressamos, nos relacionamos, decidimos e lutamos. Nossas tristezas e alegrias, forças e fraquezas são ali experimentadas, fazendo do dia a dia, nos treinos e nos jogos, momentos inesquecíveis. Este espaço deve ser tratado com muito zelo, pois é a oficina na qual construímos boa parte de nossa personalidade e inteligência.

     A bola assemelha-se ao amor. A capacidade de jogar sem a bola deve ser encarada como altruísmo, aquele desprendimento sadio em respeito aos outros e ao grupo. Em contrapartida, o excesso da necessidade da posse de bola pode caracterizar o egoísmo, o qual torna o mundo tão pequeno, centrado em nós mesmos.

     O principal adversário num jogo, assim como em nossas vidas, somos nós mesmos. As vitórias são construídas a cada ponto. Independente dos resultados das partidas ou campeonatos, somos sempre vencedores quando lutamos. A prática esportiva tem o poder de transformar os atletas mais dedicados em grandes pessoas. Estes são os que descobriram e lutaram sempre contra o real adversário que estava dentro deles mesmos. A dedicação contínua, estafante e muitas vezes solitária, produz os valores que norteiam nossas vidas.

     Nos diversos tipos e ritmos de dribles somos capazes de aperfeiçoar o auto-conhecimento e a auto-estima. A rapidez e a agilidade destes movimentos dependem da capacidade de anteciparmos os obstáculos à frente, além da clara determinação de onde queremos chegar. Esta capacidade só é possível através de uma leitura sóbria e clara do passado e da sua retenção na memória. O drible sem um objetivo pré-definido é uma vaidade. A busca da perfeição consiste em saber compartilhar ou assumir a responsabilidade isolada, quando necessário, no momento correto.

     Os passes existem naturalmente pela necessidade humana de ser social. A troca deve ser equilibrada, fazendo de todos participantes ativos da equipe. Os diversos tipos de passes, assim como a qualidade e a quantidade em que são efetuados, refletem a capacidade de doação de cada um. Já a recepção do passe deve ser suave e firme, com o propósito de acolher a iniciativa do outro, dando continuidade ao espetáculo. A assistência é o ponto culminante do passe, onde o prazer de ser útil atinge a sua máxima intensidade no sucesso do outro.

     As finalizações simbolizam o final de uma etapa. Podem ser considerados como a última decisão individual de um conjunto de decisões coletivas já tomadas. Não devemos temer o erro, já que este é inerente ao ser humano. Permanecer na dúvida e não agir é a pior das decisões. O sucesso nas finalizações depende da postura, do equilíbrio e da concentração. Muitas barreiras foram superadas até ali. A qualidade das decisões deve ser crescente frente às dificuldades subseqüentes. As finalizações efetuadas no momento certo são uma contribuição ativa do indivíduo ao grupo. Mesmo que este erre, haverá uma reação de apoio conjunta dos demais na briga pelo rebote de ataque, assim como na transição para a defesa. O perdão corresponde ao mais alto nível de desenvolvimento mental, por corresponder à compreensão absoluta do "erro" do outro.

     Os rebotes de defesa e de ataque são a prova de que para cada erro há uma oportunidade de crescimento e vitória. Para o domínio da bola no rebote, é preciso posicionamento adequado. Entretanto, para estarmos aptos às melhores oportunidades, precisamos acreditar sempre no rebote. Estas oportunidades ocorrem de maneira aleatória, quando devemos nos movimentar com agilidade para dominá-las com suavidade e força. Assim, fazemos de cada erro nosso ou de outros um reinício de caminhada mais madura e consciente.

     A capacidade de enganar os outros, por meio de fintas, torna-se uma arma poderosa dos craques. Para sermos bem sucedidos, será necessária a "leitura" do adversário de forma rápida e profunda. Contudo, na ânsia de enganar os outros, não podemos perder nossa própria identidade. Os movimentos rápidos, com e sem a bola, são nossas armas contra situações adversas em quadra. Devemos agir primeiro e não apenas reagir, para superar nossos adversários. Estando na defesa ou no ataque, cuide do seu destino, antes que alguém o faça.

     O conjunto destes diversos fatores não poderia deixar de resultar no enriquecimento pessoal. A equipe é uma escola que nos faz compreender melhor o mistério da vida, a viver e a conviver. Quem experimenta a verdadeira liberdade não aceita mais ser escravo de vícios. O esporte, através das virtudes treinadas e colocadas à prova, é um rico caminho de evolução e reabilitação para muitos. Educação e Esporte, duas palavras que interagem e convergem, criando um horizonte para aqueles que as experimentam na prática diária.

Adaptação do Texto de Rogério Werneck 2004

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